Friday, September 12, 2014

A Criação de textos

Comecei a escrever textos para os meus alunos por ter demasiado respeito pelos autores consagrados. Que experiência tinha eu para encenar um texto de Gil Vicente, Garrett, Pessoa, ou outro autor consagrado, português ou estrangeiro? Por outro lado, o elenco numeroso, a divisão em rapazes e raparigas e, sobretudo, as temáticas sugeridas pelos alunos convidavam a uma outra lógica de construção de textos. Comecei então a auscultar os alunos sobre as suas inquietações e problemáticas que gostariam de trabalhar e no trabalho de oficina e improvisação ia retirando ideias para a inserção de temas e cenas no trabalho final. Foi assim que surgiram a maior parte dos textos originais levados à cena neste Clube. O texto é arquitectado por mim na primeira pausa lectiva, depois de se ter construído o sentido do grupo e de ter mais facilidade em atribuir papéis aos alunos de acordo com as capacidades demonstradas nos exercícios de improvisação. Porém, pontualmente, os alunos manifestam vontade de responder a um outro tipo de desafio, que se consubstancia num outro texto de um autor consagrado. Quando isso sucede vou ao encontro dos seus desafios e proponho também textos de autor, como Perdição, de Hélia Correia, Os Amores de D. Perlimplim com Belisa em Seu Jardim, de Federico Garcia Lorca, ou Antes que a Noite Venha, de Eduarda Dionísio.

Saturday, September 06, 2014

Até breve, Mestre!

Um dos mais rigorosos homens do Teatro no Algarve deixou-nos órfãos no ano passado. Duval Pestana, matemático e músico, impôs a todas as suas criações teatrais aquele cunho de rigor e de beleza de que se pode retirar o sublime. Era teatro escolar, sim, mas dotado de um rigor, de uma beleza, que transcendia o que se via habitualmente neste âmbito.
Amante dos autores do dito “teatro do absurdo”, como Ionesco e Tardieu, deixou-nos obras memoráveis, de que destaco a sua encenação da Cantora Careca. A sua presença imponente abraçava uma ternura infinita para com os seus inúmeros discípulos. Zangava-se nos ensaios, é certo. Mas os seus alunos perdoavam-lhe os ímpetos da sua voz estrondosa por via da paixão pela obra. Sentia um prazer especial sempre que me deslocava a Lagos para apreciar uma encenação do meu amigo Duval Pestana. Porque sabia que iria regressar mais rica e mais sabedora de um ofício onde nunca se deixa de aprender: o teatro. Duval pestana soube acompanhar as novas tendências da encenação, não ficando cristalizado no tempo. E se alguma função tem a crítica de teatro, é a de tornar eterno o momento efémero que se vive em cima das tábuas. Irreverente, frontal, lutador por um mundo no qual a arte se alia à educação para elevar o ser humano, deixou uma obra imensa e viva na pessoa de cada um dos seus alunos. A Câmara de Lagos prestou-lhe justamente uma homenagem, batizando o auditório municipal com o seu nome. E os seus alunos fizeram-lhe uma sentida e bela homenagem. Gostei muito de conversar consigo, Duval. E de aprender muita coisa acerca da harmonia no teatro. É por isso que lhe digo: até breve, mestre. Havemos de voltar a conversar!

Friday, September 05, 2014

Um Clube de Teatro? Para quê?

Considero que um grupo de teatro escolar tem objectivos muito específicos que se prendem com a formação global do indivíduo. No contacto com o outro vão aprendendo o respeito pelo indivíduo, pelas opiniões diferentes da sua, integrando-as, muitas vezes, num projecto comum. Mais do que ensinar técnicas de representação, o importante é levar os alunos a descobrirem-se enquanto cidadãos conscientes e críticos. Por isso, o trabalho de improviso perante situações socialmente desconfortáveis, é muitas vezes crucial para a tomada de consciência de algumas injustiças sociais. Neste sentido, o objectivo principal nunca foi o de uma apresentação final. No entanto, a construção no trabalho de oficina e improvisação muitas vezes concorre para esse tipo de exercício. Por isso, mais do que no produto final, é no processo que se encontram os objectivos deste clube de teatro. Quando os alunos se deparam com um texto poético que até então desconheciam, ou com um tema musical diferente de todos os suportes sonoros seus conhecidos, estão a alargar a sensibilidade estética. Quando os alunos improvisam sobre o sentimento de alguém que é abandonado por já não ter préstimo para os seus familiares ou amigos, estão a reflectir sobre as injustiças sociais. Quando começam a ser capazes de comunicar mais com o corpo e com as expressões faciais do que com as mensagens de um telemóvel, estão a dar um passo para se assumirem como cidadãos mais despertos para o outro. Quando conseguem decorar um texto estão a contribuir com o seu trabalho para o sucesso de um projecto do grupo. O trabalho no Clube de Teatro torna-se, então, uma aprendizagem de utilização de ferramentas, como a boa utilização da língua portuguesa, o desenvolvimento da criatividade, a capacidade de concentração, que os alunos podem descobrir e aplicar na vida.

Thursday, September 04, 2014

Uma nova vida!

Todos os anos o Tapete se renova e acrescenta novos pontos ao seu já longo tecido. O seu manto de emoções tem sido cosido por suores, nódoas negras, risos, e lágrimas. De alegria no palco e de comoção na despedida. Aos que já voaram nas nossas emoções... até já. Aos que virão ter connosco... preparem-se, pois este é um pacto que se faz para a vida. Aos veteranos, peço algumas palavras de incentivo aqui no blog. Aos que estão para vir... estejam atentos porque não vão querer perder es
ta viagem!

Tuesday, September 02, 2014

A equipa

O confronto

O acordar do mundo virtual e o impacto com a realidade.

O mundo a fingir

Um mundo no qual as pessoas comunicam quase só pela Internet, será um mundo no qual se pode confiar?

E quando é ela a tomar a iniciativa?

E quando os rapazes são tímidos? As raparigas têm
de passar a vida inteira à espera que ele dê o primeiro passo?

A voz da consciência

Vozes de consciências que às vezes seguem o senso comum e não aconselham ao bom senso.

Namorada minha não se veste assim

E se eu tiver um namorado controlador? Tão controlador que nem sequer podes falar com um amigo?

Um Mundo ao Contrário

O Tapete Mágico continuou o seu trabalho de formação e educação para a cidadania através do Teatro. Desta vez, e através da batuta bem afinada do professor António Silva os alunos trabalharam temascomo a sexualidade na adolescência e do conflito de gerações. Um Mundo ao Contrário toca no problema da falta de aceitação do valor dos mais velhos por parte dos adolescentes. Um trabalho apresentado no ENPAR e na gala do Agrupamento da escola. O nosso agradecimento a estes alunos de excelência.