Wednesday, July 20, 2011

O amor é cego















Teresa – Bem, estou a ficar com fome. Vamos lanchar?
Ana – Vamos. Pode ser que encontres o amor da tua vida! Mas olha que o Amor é cego!

Quartas-feiras e quintas-feiras: uma vida desencontrada


Ele – Julgo que eles se conheceram durante a guerra. Ele foi combater para o Ultramar e ela ficou em Portimão a trabalhar nas fábricas de conservas. Ambos perguntando-se quando ou se se voltariam a ver. Um início intenso e aterrador que os impulsionou através das dificuldades. Como um arco e flecha em tensão. Quanto mais esticado estiver o arco, maior é a distância que alcança. Acho que o amor é assim, e sempre achei que a Sofia e o Paulo tinham alcançado uma grande distância por causa disso.
Ela – As histórias das outras pessoas são sempre tão fascinantes…

Engates chungas





















João – Não vês que de cada vez que estava com uma rapariga era contigo que eu queria estar? Eu só pensava em ti Luísa!
Vanda – Tu para além de seres completamente estúpido ainda fazes publicidade! Não és normal.
João – Pois não, tenho uma anormal atracção por ti.
Vanda – Olha, sabes que mais? Vai-te encher de moscas. Ou então… cresce a começa a ser gente.


Rapazes


Pedro – Sempre foste o que teve mais miúdas. Sempre te vimos rodeado de gajas giras!
Mário – Mas eu nunca me entusiasmei nem gostei delas! Aquilo era só para eu me convencer de que não era…
Pedro – Gay?
Mário – Sim! Porquê!? Eu não escolhi nada disto!!
Pedro – Não, claro que não, mas … acho que já sabias que eu não gosto de ti assim… nem que nunca gostei… e acho que nunca irei gostar…
Mário – Foi o que pensei… mas por agora já deves ter percebido que nunca se sabe se não se arriscar… E agora vais contar a toda a gente, não é? Fazer troça de mim?
Pedro – Men, somos amigos! Eu nunca te iria fazer uma cena dessas!
Ricardo – Obrigado. Ainda bem que posso confiar em ti…!

Meninas...















Alice – Estou tão farta de ser olhada como um objecto!...
Filipa – Pois, como eu te compreendo. Eu olhei para ti a dançar… e parecia que te estava a ver por dentro… luminosa, mas triste.
Alice – Parece que me leste por dentro. Ainda bem que apareceste. Como te chamas?
Filipa – Filipa. E tu?
Alice – Alice.
Filipa – Ajudas-me a conhecer o país das Maravilhas?
Alice – Ajudas-me a descobri-lo?

Vinganças!















5ª – Como é que ele conseguia andar com todas?
4ª – Comigo saia às 2ªs. Íamos ao cinema,
5ª – Pois, era mais barato…
3ª – Comigo era às 3ªs. Fazia-lhe o jantarinho preferido… mas o sacana esquecia-se sempre do vinho!
Paula – Comigo saia às 4ªs. Íamos ao karaoke. Ele dizia que adorava a minha voz!
2ª – Isso é porque tinha bar aberto!
1ª E comigo era às 5ªs. Ele dizia que eu tinha um ar tão jovem que podia comer nas cantinas!
5ª – E comigo ia para minha casa, nunca me levava a lado nenhum…
1ª – Ainda por cima era forreta, o parvalhão!

Amores a patinar...

Rapaz – Não se preocupe! Eu tenho uma grande prática de massagens!
Rapariga – Mas eu não estou a precisar de massagens! Estou a precisar de gelo!
Rapaz – E se experimentar tirá-lo do seu coração?
Rapariga – Está a armar-se em parvo?
Rapaz – Não, estou a dizer que apesar de ter os olhos quentes o seu coração é gelado.
Rapariga – Não me venha com cenas de engate manhoso que eu não estou pr’aí virada!
Rapaz – Agora ofendeu-me!
Rapariga – Desculpe…
Rapaz – Posso acompanhá-la a casa?
Rapariga – A casa…?
Rapaz – Sim, não está capaz de andar…
Rapariga – A minha mãe disse para eu não dar confiança a estranhos.
Rapaz – Muito prazer. Eu sou o Luis. Agora já não sou um estranho.
Rapariga – Lá atrevido é!
Rapaz – Posso então acompanhá-la a casa?
Rapariga – Mas ainda não sabe o meu nome…
Rapaz – Tem tempo de o dizer pelo caminho…

O sonho de dançar ou o Amor...


Luísa – Não vou! Não me interessa uma carreira de bailarina se não estiver ao teu lado.
Rodrigo – O que é que queres? Que te minta e te diga que arranjei outra para te obrigar a partir? Não me faças isso nem me faças sentir culpado por desistires do teu sonho. Por favor, não tornes isto mais difícil.
Luísa – E agora? Dois anos…
Rodrigo – Dois anos passam num instante. E se tu fores uma mulher realizada, eu serei o homem mais feliz do mundo.
Luísa – E durante dois anos… confias em mim?
Rodrigo – Durante dois anos não há perguntas.
Luísa – Durante dois anos não há perguntas.

Quando ela quer e ele não sabe se sim...















Rapariga – Eu gosto tanto de ti que quero avançar. Já estou pronta para dar este passo contigo.
Rapaz – Tens a certeza?
Rapariga – Tenho! Quero descobrir tudo contigo!
Rapaz – É que para mim também vai ser a primeira vez e não sei se estou preparado…
Rapariga – Mesmo que não estejas, descobrimos tudo um com o outro. Não é bom?
Rapaz – É fantástico. E eu amo-te tanto!
Rapariga – Temos é de usar o preservativo…
Rapaz – Mas na 1ª vez? Tens a certeza?
Rapariga – Tenho. Não vale a pena corrermos riscos.
Rapaz – Ainda bem que fomos para a rua naquela aula…
Rapariga – Ainda bem que te sentaste no meu lugar…

Quando o Amor corre mal...



Rapariga – Tens de me dar tempo. Ainda não estou preparada para avançar.
Rapaz – Vocês são todas iguais! Estás aqui, excitas-me e depois… nada! E eu se quiser que me satisfaça em casa!
Rapariga – Não sejas parvo. Se me amas tens de saber esperar por mim!
Rapaz – Tu é que não gostas de mim o suficiente!
Rapariga – Mas eu amo-te! És a pessoa mais importante na minha vida!
Rapaz – Então prova-o!
Rapariga – Não tenho de te provar nada!

Não te lembras? Como o Amor era tão bonito e simples?



(O professor manda-os para a rua)
Rapariga – Estás a ver? A culpa é tua!
Rapaz – Minha?
Rapariga – Sim, para que é que foi aquela cena toda?
Rapaz – É o meu ser rebelde a manifestar-se!
Rapariga – Olha, se isso é rebeldia, vou ali e já venho!
Rapaz – Mas eu não quero que vás! (Beija-a)
Rapariga – O que foi isto?
Rapaz – Não digas nada.
Rapariga – Tens razão, é melhor quando não falas…

Estou farta! Vou para um convento!


Teresa – Estou farta! Acho que vou para um convento!
Ana – Que radical! Mas o que é que te aconteceu?
Teresa – Mais uma desilusão... Então não é que apanhei o Luís a vasculhar nas mensagens do meu telemóvel?
Ana – E o que é que isso tem? Ele não é o teu namorado?
Teresa – Era o meu namorado. E foi por não ter percebido que mesmo as namoradas têm direito à sua privacidade que deixou de ser namorado.
Ana – Tu deixaste-o só por causa disso?
Teresa – Eu deixei-o por causa disso. Porque não suporto que desconfiem de mim. E sobretudo porque não suporto que não percebam os limites.

Queres namorar comigo?


As primeira descobertas, a primeira ousadia, o primeiro amor. Quem não se lembra?

15 anos, 15 vidas!


Estreámos!
E o Lethes foi pequeno para albergar todos os que se quiseram juntar à grande festa do Tapete! Este ano o texto foi colectivo. Obrigada à Pinky, à Marta, à Eva, ao Diogo Alexandre, ao Diogo Simão, à Natacha, à Priscila, e a todos quantos contribuíram com uma história ou uma ideia para o nosso espectáculo. 15 anos: Aqui vamos nós!

Obrigada!


Foi o António que fez a apresentação do Livro do Tapete. Ele, que de há cinco anos a esta parte me tem ajudado a rematar os nós, a atar as pontas soltas, a conseguir pôr os pés na terra. Para melhor voar! Obrigada pelos conselhos, pelos ensinamentos, pela partilha. Assim consigamos estar ao leme mais 15!

A encenadora orgulhosa dos seus meninos


Este livro é uma homenagem a todos quantos passaram pelo Tapete Mágico. Tem histórias, testemunho, textos de teatro e imagens que não se esquecem. Não se esqueçam tapetinhos, que o fiz para vocês!

Foi bonita a festa, pá!




Foi obra, chegar aos 15 anos. Irreverente, adolescente, mas generoso quanto baste. Tem sido assim a história do Tapete Mágico. Foi bom poder condensar toda esta história num livro: 15 anos a Voar nas emoções foi apresentado no dia 9 de Abril no Teatro Lethes. Obrigada a todos quantos tornaram possível este encontro!